quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

No teu deserto


Há muito tempo (o que é muito tempo em 30 anos de existência???), diria há uns 12 anos para cá, que ganhei o hábito de sublinhar frases nos livros que leio.

Porque são ideias geniais. Porque são muito estúpidas. Porque me identifico com elas. Porque as acho abomináveis. Porque são rasgos de lucidez. Sobretudo porque gosto de abrir os livros de vez em quando e folhear, à procura do que me chamou a atenção na altura em que os li.

Termino o ano com No teu deserto, de Miguel Sousa Tavares, 125 páginas que se absorvem de uma assentada. Muitas frases… uma história… a história que não se previa...

“Na verdade, o deserto não existe: se tudo à sua volta deixa de existir e de ter sentido, só resta o nada. E o NADA É O NADA: conforme se olha, é a ausência de tudo, OU PELO CONTRÁRIO, O ABSOLUTO”. p.49

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

As legendárias meias de Natal

Em conversa com uma amiga descobri que uma das suas prendas favoritas tinham sido umas meias de riscas. Meias?! Gargalhada geral... Quem havia de dizer que as famigeradas meias que levaram gerações a sair das listas de prendas, tinham regressado e imagine-se com medalha de bronze.

Nem a propósito, no almoço natalício com os meus septuagenários avozinhos, eis que questiono a minha avó sobre a essência de oferecer meias. A resposta não podia ser mais ilustrativa: “Meias de lã quentinhas, bem bom!”.

A verdade é que umas meias de algodão coloridas e bem dispostas, são suficientes para marcar presença, e não desiludirem, ao contrário de muitos outros objectos que nos oferecem e são verdadeiros tiros ao lado… não encantam mas desencantam e fazem-nos pensar “É assim que me vêem para me oferecer isto????”.

Já fora da óptica das trocas de presentes simbólicas, ou dos laivos de verdadeiro consumo, curiosamente não ouvi ninguém a desejar ardentemente nenhum bem material.

Inconscientemente (ou não) as pessoas pedem novos projectos profissionais, que os amores antigos regressem, ou que apareçam novas paixões, querem ter mais amigos, querem ingressar em novos cursos, querem construir e dar sentido à vida… sobretudo querem tornarem-se melhores pessoas e mais felizes… seja lá o que isso for!!!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Dedicatórias num livro


Há duas grandes tipologias de dedicatórias nos livros: AS QUE FICAM e as QUE VÃO.

Curiosamente as dedicatórias que FICAM são aquelas que tiveram menor impacto emocional. As que obtivemos numa sessão autógrafos na feira do livro. As que pedimos a um professor numa última aula. As que solicitamos ao autor no dia do lançamento da obra. As que foram escritas por um amigo querido que nos ofereceu um título que tanto cobiçamos. As que obrigamos uma outra amiga querida, a escrever porque queriamos à força que deixasse a sua marca no objecto. Todas elas viverão connosco, na medida em que durar o nosso para sempre.

E as outras? As dedicatórias QUE VÃO?

Esta outra tipologia são dedicatórias menos resistentes, que foram escritas numa conjuntura que mudou. Deixaram de ter significado para nós... mas podem tornar-se incómodas quando descobertas por pessoas que nos passaram elas a fazer dedicatórias.

O pensamento dos mais racionais é deixar o livro na estante intacto, mesmo contendo numa página “Amo-te”. Afinal não se rasgam pessoas, esquecem-se. Elas fizeram parte da nossa vida… (os racionais com um bocadinho de peso na consciência, atiram o dito “livro dedicado” para os confins do sótão da casa dos pais).

Os mais honestos oferecem-no a um amigo que não se inibe de o manter ou então de recortar a famigerada dedicatória, dado que para eles esta se encontra desprovida de qualquer sentido.

A terceira espécie são os egoístas, que querem manter os livros, porque gostam da poesia, porque gostam do romance, porque gostam dos pensamentos do dia… e esses um dia rasgam as folhas… só não sabem quando!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Financiamento Estatal ou Milagres só na Cova de Iria

Há dias o Camilo Lourenço, comentava no Money Box, no RCP: “Em economia não há milagres. Milagres é na cova de iria, não é em economia”. A frase vinha a propósito da actualização do salário mínimo, em que 25% do aumento será comparticipado pelo Estado, e do financiamento à classe empresarial que vive na dependência do Estado. Neste último caso protelando apenas a morte de muitas empresas, e em simultâneo dificultando a possível reconversão as mesmas.

Minimiza-se o impacto social, mas não se resolvem problemas de fundo, adiam-se consequências. É muito fácil criarem-se círculos viciosos baseados em boas intenções, mas com resultados perversos. Os apoios sociais, se por um lado são pensados numa óptica de auxílio, geram em muitos casos comodismo e falta de criatividade, e capacidade de readaptação.

Este é um mal geral inerente à própria condição humana.

O rendimento mínimo de inserção é uma prova de que estes auxílios deixam de ser encarados como provisórios - como medicamentos para um episódio clínico - e passam a ser vistos pelos beneficiários como definitivos, como direitos garantidos - como medicamentos para uma doença crónica.

Mais uma vez o contribuinte, em especial o trabalhador por conta de outrem alimenta o pernicioso sistema. Eu concordo com o pagamento de impostos, numa óptica de estado social, desde que o contribuinte retire alguns benefícios do próprio sistema. Mas arrepia-me pensar que os impostos são o pagamento do dolce fare nienti de alguns.

Por exemplo, ao optar pelo pagamento de rendimentos mínimos de inserção e de subsídios de desemprego prolongados, à população activa, o Estado devia sem simultâneo arranjar mecanismos que obrigassem estas pessoas a prestarem um mínimo semanal de horas de trabalho comunitário, de acordo com as suas habilitações motivações e características pessoais.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Desejo de um prisioneiro: O Banho de imersão

Era uma vez uma tarde de Outono no estabelecimento prisional de Paços de Ferreira. Talvez inspirado pelo romantismo do cair das primeiras folhas um “recluso cozinheiro” teve uma ideia. Pegou no sabonete e no champô e esgueirou-se até à cozinha.

Encheu uma das marmitas (panela de grandes dimensões) com água e pô-la ao lume. Assim que ficou quentinha, desligou o fogão e saltou para dentro da imensa panela com os seus artigos de higiene. Começou a ensaboar a cabeça enquanto cantarolava e se deliciava com o luxuoso e relaxante banho de imersão.

Eis que o recluso foi surpreendido por um guarda que o levou ao director. Questionado com a ocorrência o prisioneiro explicou as suas motivações...

Gostava de tomar banhos de imersão quentinhos, e como só tinha acesso a duches frios diários e a um duche quente por semana, resolveu realizar o seu desejo… A graça valeu-lhe uma punição.


Ps. Apesar de contada à laia de anedota a história é verídica, vivida na primeira pessoa por um ex. Director dos Serviços Prisionais

domingo, 13 de dezembro de 2009

Café sem açúcar, mas com pacote...

Há anos que bebo café sem açúcar. Comecei por fazê-lo com base no corta calorias. Sem dar conta comecei a gostar do sabor amargo. Hoje acho impensável estragar o paladar com um pacotinho de açúcar.

Mas adoro os pacotinhos de açúcar fora do café. Em especial se forem Nicola…

São uma espécie de oráculos do óbvio. Das banalidades divertidas. Dos desejos recônditos. Dos sorrisos marotos. Das constatações deprimentes. Da partilha com alguém a quem a frase fica a matar. Do “deixa cá ver o que aparece desta vez”. Do “era mesmo isto que eu precisava de ler”. Do impulso para a mudança. Do contemplar a simplicidade da imaginação.

Desde 2003 que a Nicola apostou nesta nova dinâmica de comunicação. Em 2006 surge a campanha “Não fique por aí a dormir”, quase à laia do desperte o seu lado menos convencional, que é como quem diz selvagem. “Por cada beijo ganha-se cerca de 1 minuto de vida - Não fique por aí a dormir”. “Hoje é o dia” foi a campanha lançada em 2007, e que se tem vindo a renovar com frases novas em cada série.

Adoce o seu dia… leia um pacote de açucar!!!

Um dia…

…Troco o certo pelo incerto... Levo-te para um elevador e carrego no stop... És a causa de um novo tipo de música... Vais ao castigo... Saio da zona de conforto e arrisco... Mando o chefe passear... Vou ter contigo quando menos esperares... Vou-me apaixonar pela pessoa certa... Quebro a rotina... Parto a loiça toda... Faço-te a folha... Deixo de pensar em ti e parto para outra... Deposito as notas o monopólio para enganar a crise... Dou um beijo à homem aranha... Levo-te a andar de balão... Levo para casa um cão abandonado…

…Nunca mais digo um dia!!!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Priceless pleasures

Apresento uma grande lista de minúsculos prazeres. Daquelas sensações impagáveis que simplesmente nos fazem sentir bem. Colocam-nos sobre o rosto uns óculos cor-de-rosa, e esquecemos tudo. Nem que seja por um só instante, detemo-nos no presente e deliciamo-nos com a gratuitidade da vida…

> Encontrar um lugar de estacionamento numa rua apinhada de carros.
> Ouvir a música favorita num momento de zapping radiofónico.
> Um céu cheio de estrelas.
> Sentir o cheiro da terra molhada depois de uma noite de chuva.
> Ver um pôr-do-sol daqueles que cobrem o céu de rosa e laranja.
> Encontrar alguém querido por acaso ao virar de uma esquina.
> Darem-nos a conhecer uma música com a qual nos identificamos de imediato.
> Um mergulho numa ribeira com a cabeça cheia de shampoo.
> O cheiro da relva acabada de cortar.
> Uma viagem de carrossel.
> Um momento que nos relembre a nossa infância.
> Um abracinho apertado da avó.
> A joaninha que nos poisa no braço (num lugar improvável) em frente ao mar.
> Um táxi que passa numa rua deserta.
> Pisar uma poça de água com botas de borracha.
> Um bebé que nos sorri.
> Descobrir uma fotografia antiga em que estamos a fazer figuras parvas.
> Matar a sede com um copo de água.
> Olhar as luzes da árvore de natal no escuro e no silêncio.
> Acabar o dia com o sentido de dever cumprido.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A divina malandrice

Porque sorrir é o melhor remédio... não resisto em partilhar uma publicidade que me enviaram!! Um video de inspiração religiosa, em véspera de um feriado religioso.

Dia 8 de Dezembro, dia da Imaculada Conceição espelha o dogma católico da concepção da própria Virgem Maria. Maria foi desde o primeiro instante da sua vida protegida por Deus, e afastada desde logo do pecado original...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Bondade e Humildade QB


Acho interessantes os artigos e reportagens onde se questiona o entrevistado sobre aquilo que ele gosta ou não. O típico gosto e não gosto. Parece-me que revela muito da pessoa, porque às vezes são os pequenos traços que definem a essência de cada um.

Há pouco ouvi uma dessas entrevistas a José Cid. Reproduzo duas frases:

“Gosto de pessoas humildes. Mas não gosto de pessoas demasiado humildes.

Gosto de pessoas boas. Mas não gosto de pessoas boazinhas.”


Não podia estar mais em sintonia….

A humildade é uma particularidade de carácter positiva e virtuosa de se for moderada. Quando em excesso assemelha-se à pobreza de espírito.

Igual juízo se pode tecer da pessoa boa, que tem capacidade de tornar a vida dos outros melhor. Já a pessoa boazinha não é genuína, mas um actor de má qualidade.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

1 de Dezembro - Dia Mundial da Luta contra a SIDA

A SIDA é a epidemia mais globalizada na história da humanidade. O vírus não tem fronteiras, pelo que nenhuma região ficou livre do flagelo. A SIDA, como nenhuma outra doença até então, tem a particularidade de ligar na nossa consciência duas das questões que desde sempre tocaram no íntimo do indivíduo: o SEXO e a MORTE.