segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Um pensamento de Salvador Dali

Inteligência sem ambição
É um pássaro sem asas.

Salvador Dali (1904-1989)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Cântico Negro

Às vezes a poesia tem um lado negro... mas que consegue ser igualmente delicioso e envolvente como o seu lado mais cintilante. Deixo o Cântico Negro de José Régio (1901-1969) declamado por Marco D'Almeida.


"Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
SEI QUE NÃO VOU POR AÍ!




terça-feira, 19 de outubro de 2010

Palavras homónimas


Na escola primária aprendemos a classificar as palavras de diversas formas. As graves, agudas e esdrúxulas. As homófonas, as homógrafas e as homónimas.

Estas últimas são das palavras mais interessantes do nosso vocabulário. Palavras com som e grafia iguais, mas com um significado diferente. Lêem-se e escrevem-se da mesma forma mas representam universos distintos.

Os exemplos que nos são dados a conhecer são básicos, de grau zero diria. MARCO, pode ser um nome próprio ou um depósito de cartas dos ctt. VELA. Pode ser sinónimo de luz, ou de velejar. CANTO. De ter uma bela voz, ou um canto da casa. E por aí fora…

Então um dia crescemos percebemos que o alcance das palavras homónimas é mais extenso do o que pensaríamos à primeira vista. Passo a explicar. Recebemos inocentemente um AMPLEXO, de alguém, que é como quem diz um ABRAÇO. Há então um terceiro alguém a quem resolvemos ofuscar com a nossa erudição de vocabulário e a quem damos um amplexo. Esse terceiro também não sabe o que a palavra significa e vai em busca do significado … e é então que diz à dupla inteligente e erudita “cuidado com as palavras homónimas!!!”….

Vai daí a dupla erudita encontra o tal outro sentido “Amplexo é uma forma de pseudocópula no qual um anuro macho se coloca no dorso do uma fêmea, agarrando-a com as suas patas, enquanto esta faz a postura dos ovos. Nesta altura, o macho fertiliza os ovos com o fluido que contém os espermatozóides”!

Confirma-se a língua portuguesa é muitíssimo traiçoeira!

sábado, 16 de outubro de 2010

Fashion Rules the World


É engraçado perceber que na Blogosfera os visitantes adoram blogs de moda.

Há qualquer coisa de hipnótico em sapatos, malas, brincos, casacos, pulseiras. Uma espécie de identificação entre nós próprios e os objectos. A projecção de como ficaríamos se os usássemos.

De certeza que todos já experimentaram a sensação de contemplação celestial. Aquela em que nos vemos ao espelho e pensamos “Mas que bem...”. Os mais narcisos chegam a enviar uns beijos a si mesmos, ou apontar o dedo qual pistola matadora, premindo o gatilho!

É verdade que o inverso também já nos aconteceu a todos, por vezes também somos invadidos pela sensação de que vislumbramos no reflexo um gremlin, uma gárgula, um gnomo ou coisa parecida…

O que os blogs de moda têm de poderoso é o facto de serem escritos por… pessoas comuns. E isso acresce o fascínio e a identificação com o autor.

Não me parece que a moda seja sinónimo de futilidade. Os bons produtos não têm necessariamente de ser embalados em embalagens descuidadas. O mesmo acontece com as pessoas.

E porque não vibrar com a novidade e a criatividade das várias peças. São obras de arte como uma qualquer pintura ou escultura… e com a vantagem de que as podemos sentir, vestir, usar,incorporá-las… integrá-las no nosso eu!

Uns fazem-no com estilo próprio, outros seguem as tendências básicas com medo da ousadia e da diferença, uns estão na moda, outros estão contemporâneos com classe e distinção! Confesso que sou mais adepta desta última categoria…

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

10 Frases que Inspiram

Há pessoas que nos cativam. Pelo que são. Pelo que foram. Pelo que conquistaram. Ou por algo sábio ou tocante que disseram e que ecoou pelo mundo, transpondo gerações. Deixo 10 frases interessantes... que inspiram.










quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O verdadeiro QUERER

Querer é quase sempre poder.
O que é excessivamente raro é o querer


Alexandre Herculano
(1810-1877)


É comum ouvirmos lamentos diários. As pessoas não gostam da vida que estão a viver. Os empregos que têm não as realizam. As relações que têm não as realizam. As escolhas que fazem não as realizam. As rotinas que têm são cinzentas e monótonas. A verdade é que vivemos numa sociedade cada vez mais insatisfeita.

Ao abrigo da crise e de uma panóplia de perspectivas também elas pouco coloridas, o amanhã vai ficando cada vez mais longe. O adiar da mudança perpetua-se, ou evapora-se essa vontade de mudança um bocadinho ao estilo do filme Revolutionary Road.

É aí que entra a frase de Alexandre Herculano. Quando se quer muito algo, com emoção, com uma vontade genuína, esse algo quase sempre se concretiza. Pode parecer lirismo mas a verdadeira derrota só acontece quando deixamos de tentar.

E é bem mais fácil baixar os braços, ficar com o sabor amargo da desistência, e deixar cair no esquecimento o gosto doce das conquistas. Porque as conquistas têm um gosto muito doce.

É com determinação que enumeramos tudo o que NÃO gostamos e que NÃO queremos. E no meio disto onde é que fica o VERDADEIRO QUERER, o verdadeiro gostar. Talvez não tenhamos um querer real. Talvez Alexandre Herculano tenha razão e o QUERER, com maiúsculas, seja excessivamente raro…

E se fizéssemos um esforço em prol deste querer. As 24 horas de cada dia passam depressa demais, para só se fazerem coisas do lado negro da lista, o lado reluzente deve ser reescrito. Não temos de ser brilhantes… temos antes de ser luminosos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Cheiro a Naftalina

Quem é que não se recorda do cheiro a naftalina do baú das avozinhas? A pergunta seguinte é óbvia…Quem é que gostava deste cheiro? Nem as traças nem nós. O odor da naftalina é daquelas sensações para esquecer.

E eis que chega o Outono, as primeiras lufadas de vento, as primeiras chuvas, o mau tempo, o ribombar dos trovões… o mau tempo em geral. É aí que algumas almas apegadas às mesinhas ancestrais retiram do sótão os perfumados casacos do Inverno passado.

E é ai que o cheiro a naftalina invade as ruas e os transportes e as pastelarias…e nos faz querer fugir do anacronismo de quem ainda utiliza as bolinhas brancas que à primeira vista se assemelham aos rebuçados bola de neve que também fazem parte do nosso imaginário, mas pelos melhores motivos (o sabor doce, o barulhinho do invólucro transparente)…

Sem se darem conta as pessoas transformam-se numa espécie de doninhas que vão deixando o rasto pela cidade… coitados de nós que nos cruzamos no seu corredor passageiro!!!

Com tanto produto anti-traça…

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Os três estágios de mau humor

Há pessoas que têm mau humor permanente. Outras mau humor passageiro. Outras que simplesmente não o têm.

Estas últimas deviam agradecer às energias divinas por serem uns felizes contemplados para quem o mundo sorri sempre, onde os sonhos são realidades, onde só existem palavras bonitas e boas, onde tudo é paz… e amor. Este grupo é restrito e muito raro.

Já os que padecem de mau humor passageiro são um grupo mais comum. Por vezes factores externos e/ou internos criam-lhes uma pequena nuvem cinzenta, que se materializa em sussurros com pequenas pragas, e em respostas tortas àqueles que se vão atravessando no seu caminho, com questões comezinhas e brincadeiras de ocasião. Estas pequenas feras, são porém inofensivas se ficarem em repouso sem contacto social durante o tempo que dura a perturbação. Este grupo têm tendência para manhãs complicadas que se dissipam depois de uma lufada de ar fresco.

Quanto aos que têm mau humor permanente, são espécies de trato mais difícil. Uma espécie de anti-sociais que no fundo experienciam rasgados laivos de infelicidade. Também este grupo é invulgar. Ainda bem diríamos nós, afinal um sorriso é uma espécie de dádiva…