quarta-feira, 2 de junho de 2010

Cara de Ombro

A Cara de Metro é uma figura já conhecida de todos nós (pelo menos dos fieis leitores deste blog). Chegou a altura de exploramos a Cara de Ombro.

Diria que a Cara de Ombro é uma personagem interessante, que pressupõe sempre a existência de uma díade. Alguém fala e do outro lado está a Cara de Ombro que ouve. Por norma impávida e serena. Não se trata portanto de um diálogo, mas de um monólogo, onde a Cara de Ombro vai acenando com a cabeça, encolhe os ombros, arregala os olhos, esboça uns sorrisos amarelos, e termina as frases com “pois”…

A Cara de Ombro afasta-se do Ombro Amigo pela falta de intimidade que tem com quem se está a confessar. Por norma os Caras de Ombro são indivíduos que têm uma aparência calma, um ar ponderado, pouco irritáveis, que irradiam uma aura de sensatez e conforto que atrai aqueles que simplesmente precisam de falar das suas experiências.

Há uns tempos um amigo meu declarou-se um verdadeiro Cara de Ombro, percebendo que reunia na sua história social uma multiplicidade de situações que davam vida a este conceito. Não resisto a partilhar aquela que é talvez o ex-libris desta sua faceta.

Cenário: Um daqueles jantares de empresa em que as pessoas mal se conhecem, às vezes nem de vista. Situação: A rapariga senta-se na mesa e conta as suas desventuras amorosas durante uma noite inteira. Comportamento: O Cara de Ombro ouve desinteressado (que é como quem diz solidário) porém mantendo os sinais acima descritos. Culminar: No final a colega diz-lhe “Foi mesmo bom falar contigo. Como é que é mesmo o teu nome?” Desta vez com alguma Cara de Pau, o Cara de Ombro profere o seu nome próprio… na certeza porém de não se voltarem a ver.

Convido os leitores a fazerem um flash back e a descobrirem o Cara de Ombro que existe em cada um de nós!!!!!