terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Cara de Metro

Será que antevejo uma questão a formular-se na mente do meu leitor…. O que é uma Cara de Metro?

Há tempos fui a um bar de salsa com uma amiga minha que é fanática pela dança. Um dos argumentos que utilizou para justificar a sua dependência dos ritmos latinos foi o facto de as pessoas estarem com caras felizes e bem dispostas. “Estou farta de ir a discotecas onde está tudo a dançar com cara de metro!” replicou.

Depois do comentário fiquei ainda mais atenta aos passeiros da toupeira citadina. No metro as pessoas estão sisudas. Bem vistas as coisas não têm porque sorrir!

Andam debaixo da terra sem saber se está sol ou chuva, porque querem fugir ao trânsito… ganhar tempo…chegar depressa…percorrer a cidade à velocidade da luz sem se darem à maçada de pensar.

A maior parte das vezes viajam sozinhas de rotina em rotina, de carruagem em carruagem, de estação em estação. Entram numa espécie de piloto automático, linha azul, sai no Marquês, apanha a amarela, sai no Saldanha, apanha a vermelha, sai no Oriente… and so on.

Cada um entretém-se como pode! Olha para o chão, para o ceguinho que passa a cantar, para a indumentária assustadora que alguém usa ao lado, para o livro que o outro vai a ler, para o seu reflexo no vidro, para o reflexo dos demais no vidro, olha para o mapa do percurso, e para as caras de metro dos outros passageiros.

Porém se for à hora de ponta as opções de entretenimento diminuem, a preocupação centra-se em manter a mala ou carteira debaixo de olho e se possível uma distância de meio centímetro do vizinho do lado, às vezes só há espaço para mexer os olhitos…. (Flash back: Em criança o que eu detestava andar de metro quando tinha um metro de altura, aí nem os olhos podia mexer!!!).

Note-se que a Cara de Metro é aplicável por analogia ao Autocarro, ao Eléctrico, ao Barco, ao Comboio, e aos demais espaços onde as pessoas viagem e permaneçam sozinhas sem a mínima intenção de interagirem com os demais seres da mesma espécie ou de espécies distintas.

Preferiríamos viver rodeados de bobos da corte? Why not?!

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Rescaldo do Carnaval 2010 (uma semana depois)

Quando uma Mini, uma Guerreira, uma Índia e uma Mascarilha se reúnem numa segunda-feira de Carnaval, o resultado previa-se positivo.

Música… dança… caipirinhas… confetis… gargalhadas… shots… música no karaoke… troca de piadas com pessoal conhecido… tudo condensado num bar exíguo, onde parte da noite se vive estilo sardinha em lata, mas com óptimo astral!

Depois de uma árdua preparação no que respeita à indumentária, uma troca de ideias quanto à mudança de sítio, umas pragas à chuva que se fazia sentir… perto da meia noite lá saímos de casa.

Chegamos ao bar que estava quase deserto. Tipicamente feminino a primeira díade (Mascarilha – Índia) subiram aos lavabos no primeiro andar. Eis que a segunda díade (Mini – Guerreira) as segue supostamente para uma sessão fotográfica junto a uma parede com Nova York pintada.

Eis que se ouve uma pancada seca. A díade número 1 desloca-se rapidamente aos aposentos do lado. Lá estava a Guerreira debruçada com a mão na cabeça. Não vira o chão molhado e escorregara num voo acrobático, aterrando com a cabeça em “Nova York”.

O riso inicial rapidamente se converteu numa chamada para o 112. Primeira pergunta da operadora “E o que é a sua amiga já bebeu?” “Nada. Acabamos de chegar!”. Pouco tempo depois chega a ambulância e dois bombeiros. Partimos rumo ao hospital com o nosso amigo “A…” a conduzir acelerado colado à ambulância, e a passar todos os sinais vermelhos de forma selvagem e entusiástica. Nós os passageiros do banco de trás voamos ao estilo do “sapo adsl”.

A acidentada entrou nas urgências. Algum tempo depois a Mini conseguiu esgueirar-se e ficar a zelar pela Guerreira que mal conseguia abrir os olhos. Claro que teve de espernear e barafustar com seguranças, enfermeiros e médicos. Porém já sem orelhas de rata, e sem a ponta do nariz preta…

Cá fora junto ao guiché a Índia queria começar a barafustar pela falta de celeridade no atendimento. Retorqui dizendo-lhe que as Índias não seriam muito levadas a sério num hospital… Imagine-se uma Mini e uma Índia a discutirem com o staff rabugento por natureza. Credibilidade zero!!!

Tivéssemos nós uma bola de cristal e teríamos optado pelo fato de enfermeiras… o acesso teria sido mais fácil.

Rescaldo do Carnaval 2010. Quatro mascaradas no hospital com um traumatismo craniano a juntar ao baú de recordações! E tudo começou num momento fotográfico.

PS. “Nunca se sabe o que pode acontecer. Somos poderosos, e de um momento para o outro vulneráveis!” In tratado de filosofia barata (ainda no prelo).

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Canto da Sereia. Para ouvir num dia de chuva...



DEVICS - Siren Song (Canto da Sereia)

On a hot summer wind
that the night had blown in
a vision a siren in black,
with green velvet eyes and a porcelain smile the fireflies danced in her hair
She said "please can you help me,
i'm lost and i've nowhere to go,
please can you be the kindest soul?"

Well i couldn't resist her undauntable charm as she brushed passed me through the door, there was something inside
burned i just couldn't hide,
i’d never seen beauty before
“Please can i stay,
for my body is weak to the bone,
and can you tell me are we alone?”

Heaven is only one kiss away
and i can take you as long as we stay.

Well, the first lie i told
was my wife had been gone
one year ago to this day
and i still hear her cries in the trembling night
and the nightmares just won’t go away
“Please come close
and look deep in my eyes”
and i watched them turn black as night.

Heaven is only one kiss away
and i can take you as long as we stay.
Heaven is only one kiss away
hells here on earth boy so drink for today.

Well i watched her lay sprawling,
beckoning and calling,
burning holes right through the floor
and the wind started howling
and my hands started shaking
and the smell of death rose through the air
“this is the last thing that i’ll ask of you, embrace me tonight and let us take flight”

Her siren song seeped slowly into my head as i drew her close to my lips
and as they gently touched
i felt a terrible rush
as the life was crushed right from my heart
with my last breath i watched
the black angel of death
spread her wings in bliss
for she had stolen my soul through a kiss.

Heaven is only one kiss away
and i can take you as long as we stay.
Heaven is only one kiss away
hells here on earth boy so drink for today.

Saldos: Poupar ou comprar a dobrar?

Há pouco tempo atrás tinha o hábito de fazer uma lista das compras que adquiria em promoções. Somava o que tinha gasto, somava os preços originais e subtraía o primeiro ao segundo. E eis que surgia o número de poupança. Tendencialmente esquecia o número real da compra, visto que as mais das vezes revelava demasiado entusiasmo…!!

Vendo bem as coisas, será que a maioria de nós poupa alguma coisa nos saldos, nas promoções, e em toda uma panóplia de campanhas que induzem à ideia de ganho extra?… Não creio. Simplesmente compramos o dobro.

O preço está convidativo, a etiqueta anterior faz com nos sintamos inteligentes por adquirir algo valioso a um valor inferior. Assim em vez de uma camisola, compramos duas. Em vez de um cd, compramos dois. Em vez de um livro, compramos três...

No final temos uma lista de coisas muito úteis, outras inúteis, umas necessárias, outras acessórias, umas boas, outras rascas… e lá vamos alimentando a nossa essência consumista.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um pensamento de Franz Kafka

O tempo é o teu capital.
Tens de o saber utilizar.
Perder tempo é estragar a vida.

Franz Kafka (1883-1924)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Erros ortográficos

Lembro-me dos puxões de orelhas que a minha professora da escola primária me dava depois dos ditados e composições. Certa altura consegui escrever ambulância com três erros diferentes no mesmo texto. Talvez fosse apenas excesso de imaginação, só a Senhora é que não compreendia a minha veia artística…

Curiosamente, nunca levei com uma régua, um apagador ou com um ponteiro no alto da cabeça, mas as minhas orelhas passaram por várias tonalidades de encarnado e por temperaturas diversas (foi uma sorte não ter furos na altura!!!!).

Há coisas que mudam tão lentamente… Os acentos nos i’s raramente faziam parte do meu vocabulário, assim como meia dúzia de outras pérolas básicas que só deixei de cometer num passado próximo... claro que há outra meia dúzia me tem acompanhado em mais de vinte anos de escola.

O corrector ortográfico do Word é uma daquelas bênçãos inqualificáveis das tecnologias modernas. Ele completa palavras, sugere tempos verbais, sinónimos, conjugações de plural ou singular… um verdadeiro salvador do português mais incauto, quer se tenha dúvidas ou simplesmente distracções.

E agora sim vem o importante, visto que o texto foi apenas uma desculpa para deixar um link para um teste de português. Boa sorte! http://www.anossaescola.com/tarouca/recursos/Escolhamultipla2.htm

Ps. Vergonhosos 82%

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Os dois lados


A complexidade que caracteriza o Homem faz que num só ser vivam muitos outros, com peculiaridades muito próprias, que vão entrando em cena sucessivamente, muitas vezes sem avisar.

Há pessoas mais intensas que vivem de forma extrema as boas e as más emoções. Porque é disso que se trata, de uma gestão diária de emoções que podem simplesmente ser subjugadas pela razão e desta forma nos aproximarem de um ideal de perfeição.

Por perfeição entenda-se: dizer a palavra certa, o comentário correcto, o silêncio conclusivo, a capacidade de perdoar (porque na verdade não se chegou a sentir), a escolha ponderada, a opção pelo caminho de estrada alcatroada pelo qual se conduz sem trepidação, sem que o coração salte em cada buraco, e sobretudo ignorar o sentido do arrependimento.

Na perfeição não há lugar para se estar arrependido, porque tudo é ideal. Há uma espécie de fiel da balança que se mantém inabalável marcando o centro, o meio termo: a virtude!...

Porém há um lugar comum que tão bem ilustra este sentimento “a perfeição não é deste mundo”. A verdade é que ninguém é totalmente bom… se bem que tenho mais dúvidas quanto à capacidade de se ser inteiramente mau.

Há sempre um lado sórdido que uma vez por outra nos turva a vivência, o lado em que somos egoístas, narcisistas, em que vivemos rodeados de espelhos acreditando que somos o centro de tudo. Agimos como se o mundo fosse nosso, a verdade fosse nossa e só aquilo que pensamos interessasse. É nesses dias que discutimos, que desistimos, que viramos as costas, que somos vingativos, que idealizamos planos maquiavélicos para pagar aos outros na mesma moeda. Ou então fechamos a porta, daquele género sem avisar, em que os outros ficam meio atordoados sem que percebam porquê.

Mas há tantas vezes um lado belo… Que nos faz brilhar os olhos, ver os sorrisos das crianças, dar um ombro para alguém chorar, encher um saco do banco alimentar, dizer a alguém que essa pessoa é importante, ter empatia com os outros e perceber que não adianta agir em círculos porque seremos vitimas do nosso próprio fel, nem tão pouco ser incorrectos quando jamais admitiríamos que o fossem connosco. É ser capaz de deitar alguém no colo, ou procurar de forma indefesa o colo de alguém.

Humanidade é dualidade. Não nos podemos martirizar por nem sempre acertarmos na forma de vida mais coerente, e na decisão mais sensata. Se a tomamos foi porque as emoções nos guiaram até ela… E a vida não tinha piada sem umas pinceladas de sofrimento, de descontentamento e de desconforto… como se costuma dizer só assim se podem experienciar os seus antónimos.

Por muito que amemos, e que sejamos luminosos, há sempre um dia de trevas em que voltaremos a pecar.