quinta-feira, 30 de junho de 2011

Um pensamento de Jean-Paul Sartre

Não fazemos aquilo que queremos e, no entanto, somos responsáveis por aquilo que somos.

Jean-Paul Sartre (1905-1980)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A pequenez de se Ser Humano

Morreu ontem Angélico Vieira, actor e cantor. Foi-lhe declarada morte cerebral depois de um grave acidente de automóvel. O valor da vida de Angélico tem o mesmo valor que a de um jovem desconhecido, menos belo e sem perspectivas de um futuro brilhante.

A verdade é que criamos empatia por esta figura com um ar tão simpático que nos entrava pela casa dentro. 28 anos é tão pouco tempo, para alguém que tinha uma alma cheia e tantos projectos por concretizar.

Em Dezembro de 2000 aos 29 anos Miguel Ganhão Pereira, jornalista da TVI, decidiu pôr termo à vida. Suicidou-se, atirando-se da ponte 25 de Abril. Rumores da época diziam que não se achava suficientemente bom para continuar vivo…

Existir é injusto. Um escolheu morrer. O outro queria tanto estar vivo, e em segundos desapareceu.

Passamos pela terra sem nos darmos conta da pequenez do ser humano, de quão impotentes somos perante um destino em fúria. Pensamos que decidimos, escolhemos e temos controlo sobre nós. E temos controlo. Mas um controlo tão frágil e efémero… porque somos simplesmente tão frágeis e efémeros.

Há dias vi um documentário sobre Saramago e Pilar, em que esta dizia algo mais ou menos assim “Dizem-nos para abrandar o ritmo. Mas porquê? Nós dormimos e acordamos revitalizados para o próximo dia. Querem que o Saramago fique sentadinho com uma manta de riscas nas pernas? Vamos ter toda a eternidade para descansar… e nem fazemos ideia de quanto tempo é a eternidade…”

Não devemos perder a vontade de criar, de imaginar, de sonhar, de sentir. Se calhar não devemos é temer a morte… é difícil, mas talvez devêssemos simplesmente viver todos os dias como se fosse o último. Fazer coisas que nos fazem sentir bem e aproveitar cada grão de areia que escorre pela clepsidra.

Talvez cada um de nós tenha um destino traçado, talvez os “ses” não façam qualquer sentido, nem exista um verdadeiro livre arbítrio.

A VIDA NÃO TEM GARANTIA, e desconhece-se o seu prazo de validade. Seja quando for que a morte nos venha buscar, que apanhe seres fortes e cheios de esperança porque é dessa massa que deve ser feita a humanidade.

Tenho a certeza que o Angélico morreu preenchido, completo e cheio de esperança no futuro… com uma vida curta, mas feliz. É injusto… mas a justiça não é deste mundo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Imposto "temporal"

Deviamos pagar um imposto a nós próprios cada vez que desperdiçamos tempo.

Um bem tão escasso, caro e limitado a uma vida, que nos atrevemos a esbanjar com tarefas ridiculas e ineficientes, preguiças tolas, em suma gestões danosas do nosso património temporal.

Podiamos arrajar um mealheiro do tempo onde depositassemos um euro por cada vez que fossemos improdutivos. Sancionavamo-nos de modo a que aprendessemos a não desperdiçar.

Porém quando olhassemos para o frasco do pecado temporal (que devia ser preferencialmente transparente) sentirmo-nos-iamos invadidos por um sentimento contraditório. De lado estava a felicidade do peculio amealhado... do outro estava a reflexão... se cada euro representasse uma hora de vida vazia de que nos serviria a quantia arrecadada?

Afinal, bem vistas as coisas tinhamos apenas um frasco cheio de NADA.