Há dias uma amiga minha contava com alguma irritação um episódio que protagonizara num jantar em casa de um casal amigo há pouco tempo atrás.
Depois da refeição, um deles tinha-se sentado no computador, e o outro agarra-se ao telemóvel. Ambos estavam a ver o facebook, enquanto ela tentava puxar conversa.
Já meio irritada com a situação sugeriu ir para casa, ligar-se à internet, e conversarem todos a partir do chat, podia ser que assim conseguissem manter um diálogo!!...
Hoje há o conceito do “amigo no facebook”, e onde é que param os amigos da vida real? O som de uma gargalhada não é comparável a um “lol”, a troca de um olhar, uma pisadela debaixo da mesa para alguém não fazer um comentário inconveniente, um elogio, ou uma crítica têm um som tão mais humano e intenso que uma mensagem.
Há tempos num jantar brincava com um amigo meu, que se me fosse buscar uma garrafa de água podíamos ser amigos na vida real. Claro que o comentário deu azo a uma filosófica conversa. Alguns deles admitiam ter andado a fazer uma limpeza de “amigos”, quando chegaram à conclusão que passavam por essas pessoas na rua e nem lhes falavam, enquanto mostravam uma profunda irritação por serem identificados em fotos por pessoas que nem estavam nessas fotos.
Sem dúvida que as redes sociais têm virtualidades, potenciam que as pessoas partilhem, dentro dos limites que cada um institui como sendo os seus limites de partilha e de reserva da vida privada e da intimidade…
Quando as redes sociais deixam de ser o acessório para se tornarem no essencial, somos invadidos por uma questão: “mas até que ponto não andará meio mundo a perder a capacidade de se relacionar enquanto ser verdadeiramente social?”