quinta-feira, 25 de março de 2010

"Ai ai ai que eu passo-lhe uma multa"


Os meus encontros com a polícia são autênticos episódios de tragicomédia. Há um super agente da autoridade e uma cidadã com um ar de gato das botas, a quem ameaçam autuar. Não posso deixar de ficar irritada.

Se é para multar é para multar. Se é perdoar é para perdoar. Se é uma operação stop é uma operação stop. Agora pára aí para eu te puxar as orelhas?...“Claro que fico chateada!” Não há paciência nem nervos que aguentem.

Esta manhã foi impagável. Depois de 1h30 de trânsito intenso, com uns largos pingos de chuva à mistura e a sorte de não me ter envolvido em nenhum acidente… Eis que entro em Lisboa e paro em mais uma fila. Pego no telemóvel em alta voz, porém mantenho-o agarrado com as mãos às “10m para as 2h”ao volante.

É então que duas motas da polícia param ao meu lado. Um deles olha-me com um ar fulminante, ao qual eu não reajo. Então o agente manda-me parar. E deixa-me entregue ao colega de trás que ficaria a tomar conta da ocorrência.

Depois de eu ter ficado vermelha, e confesso que irada, o senhor agente lá me diz “Sabe com quem está a falar?”. Pede-me todos os documentos, o triângulo e o colete. Lá saio de dentro do carro,e o agente continua a gritar “A senhora não percebe que não podia vir com o telefone na mão? E EU NÃO GOSTEI DA FORMA COMO FALOU COMIGO. Eu já levei uma chuvada que fiquei todo molhado, já pus a minha vida em risco, blá, blá, blá”… Bem, afinal eu estava a falar com um herói e não sabia.

Respondi-lhe que não sabia que não podia vir com um objecto na mão… E ele diz-me “Bem eu vou-lhe perdoar só porque o meu colega “foi” para um acidente, eu tenho de ir acompanhá-lo para ele não ficar sozinho”.

Na semana anterior estava eu a sair da ponte, no dia em que decorria uma operação da ASAE, é então que mais um feroz agente da autoridade que estava a ajudar o trânsito a fluir, teve um rasgo de profissionalismo e me diz “Encoste”. Olhei para o vidro e percebi que não tinha colado o selo da inspecção. “A sua carta… A senhora tem de colar o selo ou vai ser sempre mandada parar!!!”.

Tirando estas já tive outras amnistias, nomeadamente quando não tinha os documentos todos na mesma morada.

Todas as vezes respondi “Obrigada…. (snif)”. Mas obrigada o quê?

Se há coisa que me irrita são estes laivos de autoritarismo. Se me querem autuar é muito simples: Encoste por favor. Facto: Irregularidades ou prática de um acto ilícito. E passem a multa. Ponto final parágrafo. Agora puxões de orelhas?????

Em todas as histórias parece que há um ponto em comum. A demonstração de poder pelo perdão. Afinal o perdão é o verdadeiro poder. É isso que me enerva ter de agradecer o perdão face a actos de autoritarismo gratuito.

E agora eu ia escrever “Da próxima vez que se lixe. Não ponho cara de gato das botas, e levo com a multa”… MAS acabo de me lembrar que tenho um médio a fazer mau contacto, e que tenho conduzido à noite ao bom estilo de pirilampo – a acender e apagar.

Com este calcanhar de Aquiles tenho de repensar a estratégia… pronto vá podem-me perdoar mais uma vez!!!