terça-feira, 24 de agosto de 2010

Marcelino Diamantino

De vez em quando deparamo-nos com alguns personagens que ilustram determinados clichés. Este senhor lembrou-me a célebre personagem de Rafael Bordalo Pinheiro, criada em 1875, o “Zé Povinho”.

Marcelino Diamantino é revisor da CP. Alto, encorpado, barba rala meio feita, meio por fazer. Mãos grossas. Barriga proeminente presa no cinto das calças.

Ar indiferente de quem já calcorreou carruagem a carruagem até perder a conta. Por certo vai de Oeiras ao Cais do Sodré. Do Cais do Sodré a Cascais, sem sequer se aperceber que ao lado há um mar imenso. Que às vezes o sol ilumina a paisagem, e que outras vezes as nuvens lhe conferem um ar cinzento.

Este revisor é ele próprio cinzento. Não é simpático, não é mal disposto. Máquina de conferir bilhetes na mão. Antigamente talvez usasse um daqueles picos que deixavam um furo certeiro nos bilhetes já usados. Agora limita-se a conferir a validade.

Não resisti e olhei para a placa de identificação (não me lembro da ultima vez que tivesse tido curiosidade em saber como alguém se chamava). Lá estava. Marcelino Diamantino. E pensei “que bem que o nome lhe assenta!”