quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Peças de um Puzzle que escreve Teorias

Haverá momento mais determinante na existência de alguém do que o nascimento? Para mim não. Primeiro existe-se, tudo o resto é relativo. Fazem-se escolhas estruturais, que se elogiam ou lamentam. Depois há tantas outras que são ou parecem ser acessórias, das quais a memória rapidamente se esquece. Afinal, nenhuma vida é interessante 24 horas por dia.

Os meus 32 anos têm sido algo paradoxais, às vezes apimentados, outras tantas insonsos. Intensos e medrosos, felizes e cabisbaixos. A monotonia angustia-me e as incertezas causam-me deliciosos arrepios na espinha ou malfadadas insónias. Porém é sempre uma gloriosa conquista quando o desfecho é favorável à minha pessoa.

Fui durante algum tempo seguidora do “Depoimento” de Miguel Torga. Nele o protagonista investe contra um muro a vida inteira privando-se de crescer. Quanto a mim, acabei por lhe dar a volta, e quando cheguei ao outro lado vi que os pensamentos positivos são definitivamente libertadores.

Já fiz ballet e fui Capuchinho Vermelho. Só não consegui tirar a doce avózinha da barriga de um lobo chamado Alzeihmer. Fui filha de pais separados, fui filha de pais reconciliados, sou filha de pais divorciados. Ainda credito no casamento e nas relações duradouras. Sei alguns segredos e tenho no meu armário alguns esqueletos. Gosto de sorrir e de rir às gargalhadas até perder a respiração. Costumo discutir muito, ainda não aprendi a contar até dez, para discutir dez vezes menos.

Sou fã de bandas sonoras de filmes. Dá-me um gozo bestial no final de um dia de trabalho escapar-me até ao cinema, gosto de me comover com uma história e chorar no escurinho da sala. Adoro o colorido e o barulho das touradas e dos estádios de futebol. Venero o silêncio de uma noite de estrelas à beira mar.

Rejuvenesce-me viver experiências diferentes e com frequência quebrar com as rotinas.

No final sou simplesmente humana, repleta de defeitos, salpicada de virtudes… mas com uma força de Fénix, pronta a renascer das cinzas.