domingo, 29 de julho de 2012

Eu não engano ninguém…

Há tempos ouvi uma conversa de uma senhora que ia sentada atrás de mim. Não retive muito do que disse, mas uma frase ficou-me na cabeça, talvez porque a ache de uma simplicidade e brilhantismo, que ultrapassa a velha máxima “as aparências iludem”. A dada altura a senhora dizia assim “eu não engano ninguém, as pessoas é que se enganam a meu respeito”.

Na verdade limitamo-nos a ser quem somos: com virtudes, defeitos, rotinas, manias, esquesitisses, paranóias, com valores, pontos de vista, ideias e ideais.

Quem nos conhece está ciente de muitos eles. Já sabe o que esperar de nós, com algum grau de certeza.

Por sua vez, aqueles com quem mantemos relações superficiais, tenderão certamente a enganar-se. Talvez porque não tenham tido tempo de descobrir a nossa essência, limitam-se a reunir meia dúzia de dados que tomam certos. Munidos de frágeis juízos esteriotipam à velocidade da luz aquilo que somos,aquilo que fazemos, aquilo que sentimos.

Quanto a nós limitamo-nos a ser verdadeiros. Afinal, (como diria a primeira personagem interpretada por Diogo Infante na peça Preocupo-me Logo Existo) “aquilo que os outros pensam a nosso respeito, não é problema nosso mas deles”.