terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sinais? Que sinais?


Durante o século XVIII e XIX as mulheres socorriam-se dos leques para comunicar os seus afectos. A linguagem dos leques tinha uma codificação própria. Por exemplo abanar muito depressa significava "sou comprometida", abanar o leque muito devagar queria dizer "sou casada", ou abrir todo o leque significava "espere por mim".

Parece que para tudo há sinais.

Quando algo acontece supostamente de forma inesperada, alguém nos questiona. “Não viste os sinais?”

Mas porque é que tínhamos de ver os sinais? Tudo seria mais fácil se fosse simplesmente claro e directo, sem meias palavras, sem indecisões, sem suspeitas, sem jogos do gato e do rato.

Com honestidade, pouparíamos muitas interpretações incorrectas, muitos incómodos desnecessários e sobretudo não alimentaríamos falsas expectativas. Não teríamos ilusões, consequentemente não existiriam desilusões.

Ora este elevado grau de honestidade levaria também a que não víssemos sinais a mais. Se num caso descuramos supostas evidências, no outro caso tendemos a fantasiar factos, a exacerbar pormenores e a criar histórias mirabolantes quando na verdade não passam de episódios comezinhos sem qualquer interesse para os demais protagonistas.

De que nos serve passar um tempo infinito a tentar descortinar significados “será que ele quis dizer isto ou aquilo?”, “será que fiz bem ou que fiz mal?”. Vivemos charadas emotivas inúteis quando tudo podia ser claro e cristalino.

Mas que raio de complexidade esta de se ser humano!...