quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A democracia do tempo

Haverá algo mais equitativamente distribuído pelo criador do que o tempo?

24h são 24h.
Independentemente do local do globo, da raça, do credo, do estrato social. Um dia é um dia. Agora cada um soma à sua à vida as actividades que quer ou pode neste tempo.

Considero que não há tempo verdadeiramente livre. Os segundos de cada dia estão afectos à existência, seja qual for a tarefa. Comemos, dormimos, lêmos, damos um passeio no campo, andamos de bicicleta, tomamos café com os amigos, vegetamos na sala a ver televisão, vemos séries sem conteúdo, vemos documentários de qualidade… Podemos chamar a isto tempos livres???

Livres porquê? Estamos presos ao tempo desde o momento em que fomos concebidos. E só terminamos esta relação no momento em que morremos.

Achamos que são livres porque temos a opção de escolher, porque transcendem a obrigatoriedade perante outros. São momentos em que as nossas acções prestam apenas contas a nós próprios.

Mas ele não pára! Estejamos deitados, a meditar ou a correr num paredão, as voltas no relógio continuam o seu percurso.

E vivemos aprisionados em rotinas que tornam mais veloz o tic tac noutras sociedades tão lento. É tudo uma questão de perspectiva.

Sempre admirei aqueles que dizem ter tempo para tudo. Gostava de ser como eles. Talvez seja apenas uma questão de escolha. A expressão não tenho tempo devia ser abolida, porque não é disso que trata, mas sim da gestão que fazemos da nossa própria história.