terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Dedicatórias num livro


Há duas grandes tipologias de dedicatórias nos livros: AS QUE FICAM e as QUE VÃO.

Curiosamente as dedicatórias que FICAM são aquelas que tiveram menor impacto emocional. As que obtivemos numa sessão autógrafos na feira do livro. As que pedimos a um professor numa última aula. As que solicitamos ao autor no dia do lançamento da obra. As que foram escritas por um amigo querido que nos ofereceu um título que tanto cobiçamos. As que obrigamos uma outra amiga querida, a escrever porque queriamos à força que deixasse a sua marca no objecto. Todas elas viverão connosco, na medida em que durar o nosso para sempre.

E as outras? As dedicatórias QUE VÃO?

Esta outra tipologia são dedicatórias menos resistentes, que foram escritas numa conjuntura que mudou. Deixaram de ter significado para nós... mas podem tornar-se incómodas quando descobertas por pessoas que nos passaram elas a fazer dedicatórias.

O pensamento dos mais racionais é deixar o livro na estante intacto, mesmo contendo numa página “Amo-te”. Afinal não se rasgam pessoas, esquecem-se. Elas fizeram parte da nossa vida… (os racionais com um bocadinho de peso na consciência, atiram o dito “livro dedicado” para os confins do sótão da casa dos pais).

Os mais honestos oferecem-no a um amigo que não se inibe de o manter ou então de recortar a famigerada dedicatória, dado que para eles esta se encontra desprovida de qualquer sentido.

A terceira espécie são os egoístas, que querem manter os livros, porque gostam da poesia, porque gostam do romance, porque gostam dos pensamentos do dia… e esses um dia rasgam as folhas… só não sabem quando!