Para os que gostam de lendas e de histórias de ficção em que tudo parece acabar nas mãos de um destino em fúria, nada melhor do que uma breve passagem pelas origens mitológicas da Europa. Até porque se as olharmos com atenção podemos transpo-las para a realidade que ilustra o século XXI.
Há milhares de anos atrás andava a correr nas margens do mediterrâneo, uma jovem princesa de seu nome Europa, filha do rei fenício Agenor. Ao mesmo tempo Zeus, no Olimpo, observava a vida humana na terra. Nesse dia reparou na Europa e apaixonou-se de imediato. Foi então que a decidiu raptar. Tomando a forma de touro desceu à terra e aproximou-se da jovem e das companheiras que com ela brincavam. Todas se encantaram pelo touro e com ternura se aproximaram dele e fizeram-lhe festas. A dada altura o touro ajoelha-se diante da Europa e estende-lhe o dorso. A princesa aceita o convite e é então que Zeus foge com ela numa correria veloz, voando por cima das ondas.
De inicio a jovem tremia de medo, mas não demorou muito até se aperceber que o seu raptor era um deus. Zeus explicou-lhe que se tinha apaixonado por ela e que a levaria para Creta, uma ilha iluminada fora da Ásia. Da união de Europa com Zeus nasceram três filhos Minos, Sarpedon e Rhadamanthys. Alguns anos depois Zeus abandonou a jovem que se casaria com Asterius, rei de Creta. Como desta união não houve descendência foram os três filhos de Zeus que disputaram o trono do padastro.
Minos tornou-se rei alegando que os deuses estavam do seu lado e que fariam tudo o que ele desejasse. Assim, construiu um altar em honra de Posídon, deus do mar, e pediu-lhe que fizesse emergir das águas um majestoso touro branco que seria sacrificado em sua honra. Ao ver o touro, Minos achou-o demasiado belo para ser sacrificado e matou outro animal no seu lugar. Posídon enfureceu-se e lançou a tragédia sobre a família do novo rei.
Para além dos desamores que se abateram sobre os seus oito filhos, a mulher de Minos e nora da Europa, Pasiphäe, apaixonou-se perdidamente pelo touro branco. A rainha desejava o touro abruptamente e com a ajuda de um artificie disfarçou-se de bovina (para não dizer vaca) conseguindo ser coberta pelo touro. Desta fusão resultou o nascimento de um filho monstruoso, com cabeça de touro e corpo de homem. O Minotauro.
O resto da história não é para aqui chamada. Saltemos para os nossos dias.
Ora o actual cidadão europeu, mais não é que uma espécie de Minotauro. Com a assinatura do Tratado de Maastricht , a União Europeia concedeu aos nacionais de cada país o estatuto de cidadão europeu. Cidadão inocente que contrai novos direitos, mas também novos deveres.
Somos meio cidadão nacional (português, grego, espanhol...), meio cidadão europeu. Vivemos com parte da riqueza produzida pelo país e com outra parte proveniente dos fundos comunitários. Queremos desenvolver-nos enquanto estado nacional, mas inevitavelmente suportado pela grande potência que é a União Europeia.
Viveremos eternamente na dualidade. A nossa parte humana tem um convívio difícil com a parte mitológica. Somos fruto de uma fusão que resulta do desejo de crescer. A ideia é ajudar o cidadão a gozar dos direitos consagrados pelas constituições de cada nação. E olham tão bem por estas almas que até querem criar uma constituição comum a todos. Cale-se o pio às nacionalidades (ou deverei dizer às pequenas nacionalidades?) que somos cidadãos de uma Europa una e coesa. Mas será que nos sentimos parte de um todo?
Com os séculos de história que se viveu na Europa, só há pouco mais de cinquenta anos conseguimos caminhar a passos relativamente unidos, por interesses económicos – claro está! Orgulhosamente sós não seria a melhor política. Vergonhosamente híbridos continua aquém das nossas expectativas...
Escrito em 2 de Fevereiro de 2004
Há milhares de anos atrás andava a correr nas margens do mediterrâneo, uma jovem princesa de seu nome Europa, filha do rei fenício Agenor. Ao mesmo tempo Zeus, no Olimpo, observava a vida humana na terra. Nesse dia reparou na Europa e apaixonou-se de imediato. Foi então que a decidiu raptar. Tomando a forma de touro desceu à terra e aproximou-se da jovem e das companheiras que com ela brincavam. Todas se encantaram pelo touro e com ternura se aproximaram dele e fizeram-lhe festas. A dada altura o touro ajoelha-se diante da Europa e estende-lhe o dorso. A princesa aceita o convite e é então que Zeus foge com ela numa correria veloz, voando por cima das ondas.
De inicio a jovem tremia de medo, mas não demorou muito até se aperceber que o seu raptor era um deus. Zeus explicou-lhe que se tinha apaixonado por ela e que a levaria para Creta, uma ilha iluminada fora da Ásia. Da união de Europa com Zeus nasceram três filhos Minos, Sarpedon e Rhadamanthys. Alguns anos depois Zeus abandonou a jovem que se casaria com Asterius, rei de Creta. Como desta união não houve descendência foram os três filhos de Zeus que disputaram o trono do padastro.
Minos tornou-se rei alegando que os deuses estavam do seu lado e que fariam tudo o que ele desejasse. Assim, construiu um altar em honra de Posídon, deus do mar, e pediu-lhe que fizesse emergir das águas um majestoso touro branco que seria sacrificado em sua honra. Ao ver o touro, Minos achou-o demasiado belo para ser sacrificado e matou outro animal no seu lugar. Posídon enfureceu-se e lançou a tragédia sobre a família do novo rei.
Para além dos desamores que se abateram sobre os seus oito filhos, a mulher de Minos e nora da Europa, Pasiphäe, apaixonou-se perdidamente pelo touro branco. A rainha desejava o touro abruptamente e com a ajuda de um artificie disfarçou-se de bovina (para não dizer vaca) conseguindo ser coberta pelo touro. Desta fusão resultou o nascimento de um filho monstruoso, com cabeça de touro e corpo de homem. O Minotauro.
O resto da história não é para aqui chamada. Saltemos para os nossos dias.
Ora o actual cidadão europeu, mais não é que uma espécie de Minotauro. Com a assinatura do Tratado de Maastricht , a União Europeia concedeu aos nacionais de cada país o estatuto de cidadão europeu. Cidadão inocente que contrai novos direitos, mas também novos deveres.
Somos meio cidadão nacional (português, grego, espanhol...), meio cidadão europeu. Vivemos com parte da riqueza produzida pelo país e com outra parte proveniente dos fundos comunitários. Queremos desenvolver-nos enquanto estado nacional, mas inevitavelmente suportado pela grande potência que é a União Europeia.
Viveremos eternamente na dualidade. A nossa parte humana tem um convívio difícil com a parte mitológica. Somos fruto de uma fusão que resulta do desejo de crescer. A ideia é ajudar o cidadão a gozar dos direitos consagrados pelas constituições de cada nação. E olham tão bem por estas almas que até querem criar uma constituição comum a todos. Cale-se o pio às nacionalidades (ou deverei dizer às pequenas nacionalidades?) que somos cidadãos de uma Europa una e coesa. Mas será que nos sentimos parte de um todo?
Com os séculos de história que se viveu na Europa, só há pouco mais de cinquenta anos conseguimos caminhar a passos relativamente unidos, por interesses económicos – claro está! Orgulhosamente sós não seria a melhor política. Vergonhosamente híbridos continua aquém das nossas expectativas...
Escrito em 2 de Fevereiro de 2004