domingo, 1 de novembro de 2009

O trintinho e o trintão


Pois é cá cheguei ao clube dos trinta! Sou aquilo a que se pode chamar de trintinha. Exactamente. Há dois espécimes de trintas. Os trintinhas que se encontram no intervalo de idade entre os 30 e os 34. E depois temos os trintões entre os 35 e os 39.

Não podemos confundi-los. Os trintinhas têm a ilusão de que ainda têm toda a vida pela frente. Que agora sim é altura de dar os mais variados passos contra a inércia. Acreditam que já aprenderam muita coisa e que são crescidos. Apercebem-se (ligeiramente) que ainda têm muito de adolescentes e que ao invés de corrigirem certos defeitos, estes se acentuaram ao longo dos anos. Mas ainda têm esperança e acreditam nos desejos que pedem nas passas de ano novo.

Desacreditados da justeza da natureza e do destino, alguns trintinhas voltam-se para os astros e para o oculto. Para o poder enérgico dos incensos e das cartas de tarot disponíveis num site credível da internet. Lêem ensinamentos de feng shui. Alguns abrem o livro das respostas cada vez que têm uma dúvida. Pode dizer-se que são miúdos com as primeiras ridulas no rosto.

Os trintões distinguem-se dos primeiros por serem verdadeiramente maduros. Começam a caminhar rumo à crise da meia idade. Apercebem-se se têm ou não uma carreira. Se têm ou não uma família. Se têm ou não uma casa. E sobretudo de que já não são crianças. A percepção que têm de si muda radicalmente, e fazem planos para o futuro (quase) como se não houvesse amanhã.

Nesta fase os trintões juntam cumulativamente o descrédito na natureza, no destino e no oculto. Mandam as energias à fava e voltam a pensar no lado pragmático da vida. Deixam de querer mudar defeitos, e passam a considerar que se são assim os outros só têm de os aturar. Note-se que os irritadiços estão cada vez mais irritadiços, os nervosos cada vez mais nervosos, os tímidos cada vez mais tímidos…. E por aí fora.

E vem-me à memória uma frase batida “Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida”.